A cada dia somos atingidos por notícias de violências impensáveis tanto nos âmbitos da política quanto das interações sociais, profissionais e familiares. Muito poucos conseguem sustentar a lucidez na ação nestes momentos. A maioria reage indignada, num comportamento que mais aprisiona que liberta, tal qual numa partida de ping-pong, onde um bate e o outro rebate, incansavelmente, até que um vence a partida, novos adversários chegam e o jogo continua com as mesmas regras.
Para mudar, é necessário colocar a raquete na mesa e anunciar: não jogo mais este jogo!
A verdadeira mudança que tanto almejamos precisa ser alcançada internamente e inicia-se pela renúncia ao que em nós está velho e absoleto: o modelo mecanicista de apreciação da realidade para que alcancemos a visão e compreensão de que além dos elementos aparentes contidos numa dada situação ou conflito, há outras nuances que não percebemos e precisamos nos abrir para elas.
Segundo a médica e psiquiatra Lêda de Alencar Araripe em seu livro Família e as Heranças Ocultas “vivemos numa inconsciência às vezes nociva a respeito de quem realmente somos, de onde viemos, para onde caminhamos e do que nos acontece. Somos, como família, parte de um sistema em processo evolutivo contínuo que vem de longe no tempo e que segue tecendo uma rede invisível de relações em que passado, presente e futuro não existem como os concebemos, mas estão em permanente interação, carreando informações, transmitindo para as gerações posteriores, não apenas a bagagem genética, mas também os débitos, os créditos e as lealdades das gerações anteriores, em busca de equilíbrio, de ordem e da manutenção de sua existência.”
É fato que o passado se repete no presente e que a maioria de nós segue ignorando que acontecimentos repetitivos, destinos trágicos ou bloqueios incompreensíveis denunciam a presença de excluídos num sistema, não só no sistema familiar mas também no âmbito social, político, empresarial. Segundo as leis sistêmicas, todo e qualquer sistema irá sempre exigir reparação e reorganização, perpetuando a sequência de destinos trágicos, até que alguém reúna força e coragem para olhar através do espelho.
Na abordagem sistêmica fenomenológica proposta pela Constelação Familiar Sistêmica de Bert Hellinger, constatamos que quando o excluído é reconhecido, aceito e integrado, o movimento de vida volta a fluir no sistema, trazendo novas possibilidades de expressão e atuação no mundo.
Crédito: foto Lisa Keffer - unsplash.com
Gratidão...