Acordei à noite com uma voz: “Devolva à vida pensamentos e crenças, emoções e sentimentos, hábitos e posses."
Naquele instante, lembrei-me da pequena aquarela de Beatriz Berman que encontrei numa galeria de arte, no Rio de Janeiro.
Eu tinha uns trinta e poucos anos de idade e a aquarela retratava uma velha senhora com várias malas ao lado.
Recordo-me que apesar da atração imediata pela aquarela, uma parte em mim relutava em adquirí-la.
Hoje aos setenta e três anos sei que nada que possuo, me pertence.
Este corpo não sou eu.
Minhas sensações não sou eu.
Minhas emoções não sou eu.
Meus pensamentos não são eu.
Nada disto sou eu, embora esteja organizado como um eu.
A voz que me despertou, soou como um alerta em minha mente:
É hora de abrir as malas e devolver à vida seus conteúdos.
É hora de preparar-se para a próxima viagem.
... viva Valente...!<3